Rev. 01.03.2004
Acredita-se que a predisposição 
                    genética interage com fatores ambientais para contribuir 
                    para a resistência à insulina. Os mais importantes 
                    fatores são a obesidade e a falta de atividade física. 
                    
                    A falta de atividade física é o principal fator 
                    que contribui para a obesidade e esta diminui o número 
                    de receptores insulínicos nas células-alvo da 
                    insulina no organismo, tornando a insulina disponível 
                    menos eficaz na promoção de seus efeitos metabólicos.
                    A atividade física regular normaliza a glicose sangüínea, 
                    aumentando a sensibilidade dos receptores à insulina 
                    e diminuindo a resistência à insulina, aumentando 
                    o ponto de ligação do receptor e este efeito 
                    persiste por várias horas, podendo chegar a 24 horas 
                    em algumas pessoas.
                    Diversos estudos têm demonstrado que indivíduos 
                    ativos apresentam menor probabilidade de desenvolverem diabete.
                    Alguns autores sugerem que o efeito da atividade física 
                    ocorra por causa da alteração no metabolismo 
                    da fibra muscular esquelética, aumentando a sua capacidade 
                    oxidativa, além das alterações comuns 
                    da adaptação ao treinamento, levando a maior 
                    capacidade de captação de glicose pela fibra 
                    muscular, independente de alterações na concentração 
                    de insulina circulante.
                    Os diabéticos praticantes de exercícios podem 
                    ter suas doses de insulina ou hipoglicemiantes orais diminuídas. 
                    Além disso, a própria perda de peso que pode 
                    resultar do exercício melhora o controle da glicose 
                    sangüínea e o controle da dieta.
                    Reduz-se assim a incidência e gravidade da retinopatia 
                    diabética, da microangiopatia e da neuropatia.
                    O exercício ajuda no controle de outros fatores de 
                    risco cardiovasculares que podem estar associados ao diabetes, 
                    pois diminui os lipídios séricos, diminui a 
                    pressão sangüínea e diminui o estresse
                    Os pacientes diabéticos com neuropatia periférica 
                    ou microangiopatia devem evitar exercícios que possam 
                    traumatizar os pés, como ocorre nos exercícios 
                    de corrida e de salto. 
                   Tipo 
                    de Atividade Física
                    O mais indicado é de natureza aeróbica, envolvendo 
                    grandes grupos musculares e que pode ser mantido por um tempo 
                    prolongado. Importante respeitar os gostos e interesses dos 
                    pacientes, aumentando a aderência ao programa.
                    São alternativas adequadas a caminhada, natação 
                    e ciclismo.
                    Os atletas diabéticos devem usar sapatos e meias confortáveis 
                    e examinar os pés rotineiramente, à procura 
                    de qualquer lesão, para o imediato tratamento, evitando-se 
                    assim as complicações de uma lesão ignorada.
                    Os diabéticos só devem realizar atividade física 
                    se a sua glicose sangüínea estiver bem controlada. 
                    A prática de exercícios com níveis glicêmicos 
                    muito elevados ou muito baixos é perigosa. Altos níveis 
                    predispõem a ocorrência de cetose e os níveis 
                    baixos podem levar à hipoglicemia.
                    Deve-se tomar cuidado com a hipoglicemia durante o exercício. 
                    Para tanto, o seu médico deve orientar a dosagem de 
                    insulina adequada para a prática do exercício. 
                    A dosagem da glicose sangüínea antes e depois 
                    do exercício será útil para se determinar 
                    as modificações na administração 
                    da insulina.
                  Prescrição 
                    de Exercícios
                    A prescrição de atividade física em pacientes 
                    portadores de diabete deve seguir algumas características, 
                    tais como:
                    · Freqüência: todos os dias ou 3 a 4 vezes 
                    por semana
                    · Duração: 20 a 30 minutos diários 
                    ou 45 a 60 minutos quando 3 a 4 vezes por semana
                    · Intensidade: Moderada, de 50% a 80% da freqüência 
                    cardíaca máxima segundo a condição 
                    física, idade e o grau de treinamento da pessoa.
                  Todas 
                    as sessões de atividade física devem começar 
                    e terminar com um período de 10 minutos de exercícios 
                    aeróbicos de baixa intensidade, alongamento e mobilidade 
                    articular, reduzindo-se assim os riscos de complicações 
                    cardíacas e lesões músculo-esqueléticas.
 
                  Por 
                    fim, os diabéticos que pretendem realizar atividade 
                    física devem ter seus níveis glicêmicos 
                    bem controlados e devem ter acompanhamento médico para 
                    se adequarem as menores doses de insulina ou hipoglicemiantes 
                    orais.
                    
                  
                    Referências Bibliográficas:
                  
                    1. American Diabetes Association: Diabetes mellitus and Exercise (position Statement). Diabetes Care, 24;(1), jan 2001.
2. Susan P Helmrich et al. Physical activity and reduced occurrence of non-insulin-dependent diabetes mellitus. New England Journal of Medicine. 1991;325(3):147-152.
 3. The Health Professional’s Guide to Diabetes and Exercice. American Diabetes Association. Clinical Education Series, 1995.
 4. Nora Mercuri, Viviana Arrechea, Atividade física e diabetes mellitus, Diabetes Clínica 347-349, 2001.